A pena caia, mais lenta que a lágrima em seus olhos. Tudo por culpa do atrito com o ar, se não o fosse, cairiam juntas. A pena era do seu melhor amigo, e era pena dele também.
Já sabia que pássaros não viviam muito, mas seu canário não viveu nem seis meses. Ele o capturara durante uma ida à fazenda, e desde então seu quarto era iluminado pelo canto de Trovador.
Inácio, que antes era seu melhor amigo, criticou a atitude egoísta de tirar a liberdade do bichinho.
- Você tá é com ciúmes! Pensa que eu não sei!?
Afastaram-se então os dois depois da discussão. E agora que Trovador tinha morrido, Leo olhava para a gaiola vazia com os olhos encharcados. Morreu a pouco, devagarzinho, foi batendo asa até o chão da gaiola, depois tombou de lado. Batia só uma asa, fazia um barulho estranho.
As penas agora no chão do quarto. Iria fazer um enterro digno!
Pegou as sandálias, a pázinha e desceu as escadas lentamente.
Do batente da escada, olhou para baixo e viu a árvore de natal iluminada cheia de presentes. Ao se lembrar de que data era, deixou cair tudo que tinha na mão e correu para abrir os presentes.
Não acreditava no que estava vendo: ele acabara de ganhar uma bicicleta!
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
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